Natani Santos, de 35 anos, vive uma nova fase, após ter tido o lábio arrancado pelo próprio cachorro de estimação há três meses. Ela se recupera de uma segunda etapa de cirurgias, feitas gratuitamente em Araranguá, no Sul de Santa Catarina, e diz que o procedimento trouxe a alegria de volta para a vida dela.

A mordida do cão foi em 5 de maio em Ji-Paraná, em Rondônia, onde Natani morava. O cachorro se chamava Jacke e era da raça chow-chow. Segundo Natani, o animal rosnou instantes antes do ataque, mas a mordida foi inesperada e rápida.

Na segunda etapa da cirurgia, realizada há cerca de 30 dias, foi aplicado botox na região ao redor da boca. Segundo o médico Raulino Brasil, responsável pelo procedimento, o objetivo foi paralisar temporariamente a musculatura para evitar movimentos durante a fala e a alimentação, o que poderia atrapalhar a cicatrização.

A última etapa da reconstrução está prevista para daqui a seis ou sete meses. Será um refinamento, com correções de detalhes, como fibroses e aderências que possam ter se formado. Raulino explicou que será necessário “soltar essas aderências e remover as fibroses” para finalizar o processo de recuperação.

A fibrose é um acúmulo de tecido fibroso em um local do corpo. A aderência é um tecido que une dois tecidos do corpo.

Na primeira etapa da cirurgia, a musculatura do rosto da paciente foi reposicionada. Os procedimentos foram realizados por meio do Projeto Leozinho, uma iniciativa do cirurgião facial que realiza cirurgias faciais gratuitas. O hospital onde ele atua fica em Araranguá.

Recuperação e trauma
Natani diz que tudo tem corrido bem com ela. “A recuperação tem sido um sucesso graças a Deus”.

“A cirurgia trouxe minha alegria de volta. Posso olhar no espelho e não chorar mais, posso comer sem a comida escapar e arrisco até algumas maquiagens”, declarou.
A parte física da recuperação tem ido bem, mas ainda há desafios para a saúde mental de Natani. Ela contou que não conseguiu ficar no imóvel onde houve o acidente.

“Até tentei continuar morando em Rondônia, porém não consegui ficar na casa em que estava morando. É como se revivesse toda a situação, por isso optei por voltar para a minha terra, Rio Branco, no Acre”.
No novo lar, ela faz a recuperação também da saúde mental. “Estamos agora cuidando da parte psicológica e ajudando a sarar o trauma que ficou”, resumiu.

Via G1